segunda-feira, 13 de agosto de 2007

Sabe, a maioria de blogs que eu leio odeiam seus psicólogos.
Eu não, eu sinto falta da minha, muito. Ela me dava calma e era um exemplo... talvez por ser, na idade que eu tinha (15 anos) a imagem que eu queria ver no espelho quando fosse "adulta". Cursando doutorado, casada, magra, bem vestida, passando todas as férias na Europa (estudo+diversão), bom humor, provavelmente bem resolvida, poderia sair para onde quisesse e se encaixar muito bem....
Ontem eu senti muita falta dela de madrugada, e pensei "amanhã de manhã vou implorar para minha mãe me deixar voltar pra ela". Porque mamãe acha que está tudo bem comigo, e por isso acha que é jogar dinheiro que vai fazer falta fora. Mas não estava tudo bem. Tinha tido outro "surto" (não sei como chamar isso), maltratado o namorado, e quando ele revidou, lá fui eu e meu amigo canivete de novo. Pensava incessessantemente em escrever tudo o que estava sentindo naquele momento, mas não podia para luz do meu quarto não acordar minha família. E então, como tudo em minha vida, passou. Achei que não merecesse nem escrever aqui, mas eu quero deixar documentado, pra saber depois como é. Pq eu fico com vergonha, mas se nas próximas vezes que tiver algo do gênero para ler, talvez, só talvez, me ajude.
A vontade de ver a psicóloga não passou. Mas chegou o medo, tanto da justificativa a dar para mãe quanto de falar com a doutora em si. Ia fazer o quê, chegar para ela e dizer: "Ah, M., tava com saudades, tudo bem? É, comigo não tá nada nada... Pois é, lembra da última vez que eu vim aqui que vc me disse que eu era borderline? Pois é, acho que é isso que tá pegando... xingo meu namorado enquanto choro implorando pra que ele não me abandone, faço grosserias a pessoas que acabei de cumprimentar docemente, me entedio cada vez mais facilmente, estou mais violenta a cada dia que passa... sem motivo aparente, mas simplesmente preciso quebrar algo para impedir de bater em alguém... Ah, e me cortar? Pois é, voltei! Mas não sou burra como antes, não corto mais os pulsos, me corto numa das partes do corpo que mais odeio, meus quadris. Olha que prático: agora, quando sinto vontade de comer, bato no quadril. Antes, deixava de comer simplesmente pq ele era gordo, agora somou-se à isso a dor e a ardência dos cortes. Ah, sim, deixar de comer... poisé, eu também voltei a deixar de comer, a contar as calorias de tudo, de uma lambida de colher... É bom que me ocupa o tempo quando eu percebo novamente que não tenho amigos, e que minha única companhia era o meu namorado, que eu terminei durante um surto. Mas me deixando de lado, e essas férias, foi na Itália de novo?"
Simplesmente não dá.

Enquanto isso, eu procuro não fazer mais nada de ruim pra mim e descontar tudo na malhação... me deixa com os músculos doendo, o que é um bom substituto pra dor, mas sem medo de alguém descobrir as cicatrizes.

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